domingo, 9 de março de 2014

Resenha: O Circo Mecânico Tresaulti

de Genevieve Valentine

Não sei como classifica esse livro. Pós-apocaliptico? Distopia? Steampunk? Tudo junto? Não sei. Só sei que se passa no futuro, que aconteceram algumas guerras bem feias, que o governo de ano em ano muda, que ninguém vive bem, e que ninguém é confiável.
Eu pedi esse livro de aniversário por dois motivos. O primeiro foi o trabalho da editora. Uma capa linda assim? Um cara de asas? Um livro com ilustrações? EU QUERO.
O segundo foi o fato do livro falar sobre um circo (e MECÂNICO, ainda por cima). No início de 2013 eu li O Circo da Noite, e eu simplesmente me apaixonei pelo livro. Pensei então que talvez eu gostasse de livros de circo, e resolvi ler mais. Esse foi o primeiro que apareceu (depois de Água para Elefantes, que está na lista).
Eu não sabia sobre o que o livro era quando ganhei, só sabia alguns detalhes, mas agora posso dizer: o livro é sobre os trabalhos mecânicos de Boss, e pricipalmente sobre as asas mecânicas. As asas, feitas por Boss (a mecânica e chefe do circo), são uma obra de arte que várias pessoas que trabalham no circo almejam ter. O problema, no entanto, é que Boss não quer dá-las para ninguém ainda. O fim da pessoa que era dona das asas antes foi um fim ruim, e Boss precisa ter certeza de quê a pessoa para quem ela der as asas agora será uma pessoa que vai aguentar o peso delas e do que elas significam.
O que tudo isso quer dizer fica mais claro durante o livro. Isso foi uma das coisas de quê gostei: as coisas vão sendo reveladas aos poucos. As vezes algo revelado me fazia parar de ler e ter que pensar sobre as implicações daquilo por um tempo, e as vezes eu tinha que voltar e reler alguns pedaços pra entender direito o que aquilo estava explicando.
A escrita é muito boa. O livro não é escrito de forma linear, o que eu gosto, e a autora misture narração em primeira e terceira pessoa, e narração no presente e no passado. No início, isso confunde muito, mas logo você se acostuma. Eu acho que o livro teria sido muito mais bonito de se ler na língua original, mas a tradução tambem foi muito bem feita. A descrição dos cenários e dos personagens, também, era muito criativa, e eu não ficava confusa sobre o que estava ela estava descrevendo.
No início o número de personagens me deixou um pouco confusa, mas logo consegui acompanhar. O livro nem tem tanta gente assim, é só que as vezes um capítulo falava de um personagem que não estava mais no circo nos dias atuais, então ficava um pouco complicado, mas dá pra se acostumar.
O livro é mais ou menos dividido em duas partes. A primeira metade, que é a introdução do mundo, dos personagens e do circo, e a segunda metade, que é a estória em si. Eu li a primeira metade desse livro voando, porque achei tudo muito interessante. Algumas coisas (como os ossos das trapezistas, o que foi feito com Panadrome, etc.) eram bem perturbadoras, e isso só fazia do livro ainda melhor. O meu problema foi com a segunda metade do livro. Por algum motivo, eu gostei mais da introdução do que da estória que a autora estava realmente contando ali. Demorei um bom tempo pra terminar de ler porque eu lia 10 páginas e empacava, mais 10 páginas e empacava de novo. E olha que o livro é curto.
Não é um livro que vá algum dia se tornar meu favorito, não é um livro 5 estrelas, mas eu com certeza gostei bastante e não me arrependo de ter lido.

Beijos, etc.

Resenha: Lugar Nenhum

de Neil Gaiman

Richard Mayhew leva uma vida normal. Ele tem um emprego de escritório, uma namorada (noiva, na verdade) que o diz que ele será um grande homem um dia, e uma relação saudável com seus colegas de trabalho. Tudo segue o curso que deve seguir. Mas um dia ele e sua namorada, Jessica, estão indo para um jantar importante e Richard vê uma mulher de aparência jovem caída no chão. Ele quer ajudá-la, mas Jessica diz que eles não tem tempo para isso, que outra pessoa vai achá-la. Richard resolve ajudá-la de qualquer jeito, e a leva para casa. Quando a mulher se cura, ela o pede para fazer um último favor para ela, e Richard, sendo o bom moço que é, aceita, mesmo que o favor soe muito estranho. Depois que a mulher sai de sua casa, ele tenta voltar para sua vida cotidiana, mas percebe que algo está diferente. Ninguém mais consegue vê-lo.

OK! Eu odeio fazer sinopses. Acho que vou passar a copiar todas elas do skoob e colar direto aqui.
Eu resolvi, esse ano, que queria ler mais coisas do Neil Gaiman. Eu já tinha lido Coraline e Stardust, e como tinha gostado bastante, por quê não continuar? Resolvi pegar esse primeiro por um motivo muito simples: a capa. Essa capa é muito bonita, e eu imaginei que o livro me agradaria tanto quanto ela.
Mas aí eu cometi um erro. Decidi que ia ouvir o audiobook ao invés de ler o livro em si, porque ei, quem narrava era o próprio Neil Gaiman, e eu nunca ouvi um audiobook antes! E além do mais, eu posso fazer várias coisas enquanto ouço. Que mal pode vir disso?
Hahaha. Muito.
Eu sei que essa tem que ser uma resenha do livro, mas eu não vou conseguir falar sobre ele sem contar essa minha experiência com o audiobook.
Esse foi o meu primeiro, mas eu imagino que até para um narrador de audiobook, o Neil Gaiman leia muito devagar. Eu sei que você tem que falar claramente, e pausadamente, etc etc, mas um livro que eu terminaria em... 6, 7 horas? 8, no máximo? me foi lido em 12. Eu fiquei frustradíssima com isso. Meu outro problema foi o das vozes que Neil deu aos personagens. Não é culpa dele que eu não tenha gostado, e eu não estou dizendo que é, mas ele dava vozes à personagens que eu, enquanto ouvia, achava que não se encaixavam nem um pouco. Não é como eu os imaginaria na minha mente.
O personagem principal, Richard Mayhew, não é nenhum herói, e nem finge ser. Ele só quer voltar à sua vida antiga, do jeito que era antes, e não é exatamente corajoso ou espirituoso. Ou seja, não é o seu típico personagem principal. Mas a voz e a tonalidade que Neil o dá, em sua narrativa no audiobook, me fez achar que ele quisesse que nós detestássemos Richard. Ele o dava uma voz que o fazia parecer mais idiota do que suas falas eram.
Apesar de eu ter percebido que o audiobook estava arruinando a minha experiência com esse livro, eu continuei. Queria terminar o livro todo assim, e fui o mais longe que consegui, mas em certo ponto eu fui forçada a parar.
"Nem sempre o autor é o melhor intérprete de sua obra." Meu pai disse isso quando fui reclamar com ele, mas eu não sei se ele estava citando alguém ou não (eu nunca sei), mas não deixa de ser verdade.
Não vou desistir de audiobooks, é claro. Na verdade, estou lendo outro livro do Neil Gaiman assim (dessa vez, narrado por outro cara, e não pelo Gaiman) e estou gostando mais, apesar de ainda preferir ler no meu próprio ritmo, com a minha própria entonação.
Ok, vamos ao livro.
Todos os personagens foram interessantíssimos de serem lidos. Door, Richard, Mr. Croup, Mr. Vandemar, Marquis de Carabas, Old Bailey... Os que menos gostei foram Richard e Door (os principais... por quê eu quase nunca gosto dos principais?) e os que mais gostei foram Hunter (divíssima) e o Marquês. Não me importaria nem um pouco em ler uma estória separada sobre cada um deles.
O mundo em si me deixou perturbada e, também, maravilhada. Acho que o nome para esse tipo de gênero é fantasia urbana. Esse livro me lembrou MUITO de A Viagem de Chihiro. Principalmente em uma cena que os personagens precisam passar por uma ponte para chegarem em um lugar especifico, uma ponte perigosa. Essa comparação aumentou os pontos que o livro fazia comigo, já que eu adoro aquele filme.
O que acontece com Richard depois que ele ajuda Door parece algo muito simples, mas é assustador. Eu não sei como reagiria se isso algum dia eu fosse trabalhar e descobrisse que ninguém consegue me ver claramente, que eu não existo mais naquele ambiente. Além disso, o livro conseguiu me surpreender em alguns aspectos. Eu acertei ao adivinhar que haveria algum tipo de traição, mas errei de quem ela viria, etc.
Alguém me disse que esse não era o melhor trabalho de Gaiman, e eu, mesmo não tendo lido quase nada dele, percebi algumas coisas que imagino que o Gaiman de hoje em dia não faria.
O livro é bom, sim, mas eu estava esperando bem mais. Acho que o início foi ótimo, mas o livro vai caindo e caindo mais pro final, e só no clímax ele retoma o pique.
Ou talvez eu esteja dizendo isso por causa do audiobook. Droga.
Eu dei três estrelas, mas se tivesse apenas lido, sem ouvir o audiobook, será que teria dado quatro?

Beijos, etc.

Resenha: Delirium #2 - Pandemônio

de Lauren Oliver

Nesse segundo livro da trilogia, seguimos Lena em dois períodos diferentes de tempo. O primeiro, o "antes", acontece imediatamente após o que vimos acontecer no fim do primeiro livro, e o segundo, o "agora", acontece, bem, algum tempo depois. Não fica muito claro QUANTO, mas não é muito. Os capítulos são intercalados e a narrativa não fica entediante.

Eu gostei bem mais desse segundo volume do que do primeiro.
Continuo achando a escrita da Lauren muito esquisita, e não mudei de ideia sobre as comparações que ela vive fazendo, apesar de ter notado menos nesse. Eu acho que Lauren insiste muito em um assunto, em um sentimento. Ela martela em uma sensação ou uma emoção por mais tempo do que necessário, e isso me faz torcer o nariz, mesmo que involuntariamente, toda vez que Lena começa a falar o que sente. Como, por exemplo, o fato de que Lena repete várias vezes ao longo do livro que agora ela é uma nova Lena, a NOVA Lena não faria as mesmas coisas que a VELHA Lena faria, etc. O tempo todo, gente. Eu já entendi, você mudou. Podemos seguir em frente?
Outra coisa. Logo no início do livro, temos um grande parágrafo de Lena nos explicando por quê ainda se sente desconfortável ao redor de homens. Ela diz que viveu a vida inteira achando que isso era errado, e que 18 anos de aprendizado não vão embora fácil, etc etc. Essa parte me deixou irracionalmente irritada, eu admito. Não porque os sentimentos de Lena são errados, pois eles são muito válidos, mas porque eu. já. sei. Eu li o livro anterior, eu sei como ela foi criada, em que ambiente ela cresceu. Eu não preciso que a autora me explique coisas que são óbvias, que ela me dê algo mastigado para que eu entenda. É claro que Lena não está confortável com homens ainda. Me admiraria se estivesse. Mas quando a autora insiste em me dizer isso como seu eu não tivesse captado é extremamente desagradável. Quando o autor precisa explicar o desenvolvimento de um personagem (ou, nesse caso, a falta dele), isso me mostra que o escritor não é bom e, francamente, isso insulta a minha inteligência. Por que você acha que eu não entendi? Por que você sente a necessidade de me explicar?
Se você leva tão pouca fé na sua escrita para passar esses conceitos de personalidade mais básicos, ou se leva tão pouca fé nos seus leitores para entenderem o que está acontecendo sem que seja explicado, de qualquer forma você está insultando alguém: seus leitores, ou você mesma.
Mas ok, seguindo em frente...
Continuo não gostando de Lena, mas esse livro realmente foi bem superior ao primeiro. Na minha opinião, é claro. Os personagens eram mais interessantes, e o enredo me puxou mais. Além disso, Julian. JULIAN. Bom personagem, ótima pessoa.
A ausência do Alex nesse livro realmente parece ter feito com que o livro fosse melhor. Eu não sabia que não gostava do Alex, mas aparentemente, não gosto. E se você pensar bem, nós não o conhecemos. Não sabemos quem ele é de verdade, pois não passamos tanto tempo com ele para saber. O que sabemos é o que vemos pelos olhos de Lena, e o que Lena diz não conta, pois ela estava extremamente apaixonada e deslumbrada com o primeiro garoto com quem tinha tido uma conversa decente. O amor deles nunca pareceu real para mim, e a única coisa que aprendi sobre Alex é que ele gosta de poesia e que seus olhos mudam de cor com a luz.
Lena cresceu como pessoa sem ele por perto, e isso foi bem importante para ela.
Mesmo eu tendo gostado mais desse livro do que do primeiro, preciso dizer, ele é extremamente previsível. Tudo o que eu achei que Lauren Oliver fosse fazer? Ela fez. Tudo. Mas também, o primeiro foi igualmente previsível. Esse segundo pelo menos teve Julian e coisas de verdade acontecendo. Coisas de peso. Coisas importantes para a sociedade deles.
Eu já li o terceiro, mas foi tão ruim que nem vou fazer uma resenha sobre ele. Não vou coseguir.
O segundo é o melhor, e eu preferia nem ter perdido o meu tempo com o terceiro, mas infelizmete essa é a vida.
Aliás, eu gostaria de nunca ter lido essa trilogia, ponto. Tá, o segundo livro foi bom, mas não muito, e não valeu a pena ter que aguentar os outros dois.

Beijos, etc.

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Resenha: Chaos Walking #2 - The Ask and The Answer

de Patrick Ness

(Spoilers do livro 1)
Depois do cliffhanger do primeiro livro da série, eu precisei pegar o segundo direto. Mas infelizmente, só cheguei lá pelos 5% do livro antes de largar e esquecer por um tempo. O peso que eu estava sentindo por causa dessa série era demais, e eu senti que não ia conseguir ler o segundo TODO imediatamente após o primeiro sem entrar em algum tipo de depressão literária. Principalmente se o segundo fosse tão deprimente quanto o primeiro.
E é.
Na verdade, esse é ainda MAIS deprimente. Começamos, de um lado, com Todd dizendo para o Prefeito que fará tudo para ele contanto que ele salve a Viola. Do outro, temos Viola de cama com uma bala em sua barriga, tentando se recuperar.
No primeiro livro, nós tínhamos Manchee (ainda estou fula com a morte dele). Nós tínhamos a relação entre Todd e Viola, que estavam juntos praticamente o tempo todo. Nós tínhamos bons personagens que faziam a estória parecer mais leve. Nesse, nós não temos nada disso. Os únicos personagens além de Todd e Viola que me deixaram "feliz" foram Wilf e Lee. Aliás, nem o Todd me deixou tão feliz assim.
É muito difícil quando seu personagem principal é um criança que não sabe controlar seus sentimentos. Todd faz tantas escolhas erradas, tem tantos pensamentos estúpidos, reage de forma tão mal-pensada à certas coisas, que eu HONESTAMENTE considerei largar a série.
A única coisa que me manteve lendo o livro foi a Viola, a luz dessa trilogia toda que merece tudo de bom. Para as pessoas que me dizem que Todd faz tantas escolhas erradas por causa da sua idade ("ele é uma criança, praticamente" gritam os defensores) eu digo: e a Viola? Ela é, tecnicamente, mais nova que ele. Eu vi em algum lugar que ela tem só 13 anos (dos nossos anos), nem sei mais se vi isso no livo ou na wikipédia. Idade não é desculpa para nada. Eu concordo que o Todd foi criado nesse lugar horrível que deu forma à uma personalidade ruim, principalmente por ele ser o mais novo e o mais maltratado de toda a cidade em que cresceu, e que ele faz o melhor que acha que pode na situação extremamente difícil em que foi colocado, mas sério, gente, sério. O Todd me deixa muito frustrada. Eu não aguentava mais ler seus surtos de raiva, seus ataques e agressões (à outros e à si mesmo), e seus pensamentos maliciosos.
E isso me fez refletir: no primeiro livro, e no início desse segundo, eu achava que o que todos diziam, sabe, aquela famosa frase "Todd não pode matar"?, eu achava que isso fosse porquê ele era bom demais. Eu fui levada à crer que Todd Hewitt era um homem bom demais para matar outro homem, ou qualquer outra criatura. Mas o que eu percebi foi que suas ações não correspondem com as ações de um homem que não mataria alguém  por bondade. Não só porque ele mata aquele Spackle no primeiro livro, mas porquê seus pensamentos são de uma pessoa irritada que parte para qualquer briga que puder. Pode uma pessoa asim ser boa? Talvez. Mas eu acho que o real motivo de Todd não conseguir matar nenhum outro homem é a covardice. O medo. Do remorso, das consequências, de sua própria consciência. Enquanto um homem bom não mataria outro homem para preservar a vida em si, Todd não mataria para manter sua consciência limpa. Sim, o Todd é covarde. Fazer a coisa certa pelos motivos errados ainda faz com que você esteja errado. Ele pode ser muito corajoso em certos aspectos (quando Viola está imediatamente envolvida em perigo, por exemplo), mas a maioria de suas ações nos mostra que não é tão simples assim.
É claro que até aqui eu estou apenas reclamando do Todd como personagem, e aplaudo Patrick Ness pela complexidade de suas criações, mas é aqui que a coisa entra no ramo da escrita. Vamos falar de desenvolvimento.
No final desse livro, eu não vou dar spoilers significativos, mas Todd se encontra em uma certa posição de liderança. E para a minha surpresa, naquela cena, ele parecia ter nascido para isso. E ei, eu aceitaria isso super bem, mas a transição do menino que ele havia sido para esse homem que vemos no final do livro foi quase... desenvolvimento demais. Eu não senti que Todd estava naquele ponto ainda, não senti que ele havia se desenvolvido o suficiente como pessoa, ou aprendido o suficiente, para chegar naquele momento e fazer as coisas que fez. Não que ele tenha feito muita coisa, mas ainda assim, a passagem de um para o outro não me convenceu.
De qualquer forma, chega de falar sobre o Todd. Vamos falar sobre o enredo.
Nesse livro, enquanto eu estava lendo, parecia que nada estava acontecendo. Como o primeiro livro foi só correria o tempo todo, e nesse nós ficamos praticamente no mesmo lugar o livro inteiro, eu fiquei um pouco entediada. Mas nada muito sério, o livro ainda tinha a narrativa rápida que me manteve lendo até o final, apesar de minhas inúmeras frustrações. Coisas acontecem, sim, mas é difícil prestar atenção nelas quando você está se afogando em um mar de depressão e raiva. Mas, no final, tudo estava diferente. Foi mais ou menos como aquela citação, "Dia-a-dia nada muda, mas quando você olha pra trás, tudo está diferente."? Bem isso aí.
Só que a atmosfera continua muito deprimente. Eu sei que estou usando essa palavra  à beça, mas é isso, o livro me deprimiu. Nada de bom parecia acontecer, sempre que parecia que alguma coisa feliz ia surgir, ela era destruída. Eu não tenho nenhuma esperança que de as coisas terminem bem no próximo livro, nenhuma mesmo.
Pra ser honesta, nem sei porquê vou ler Monsters of Men. Não consegui me apegar aos personagens direito, sei que o próximo vai ser só guerra e desgraça, e ainda assim, eu decidi ler o próximo. Eu devo ser algum tipo novo de masoquista.
O que me motiva nesse ponto é a simples e pura curiosidade. Eu realmente quero saber o que vai acontecer agora. Como essa série termina? Porquê todos a amam tanto? Será que o final é bom?
E também, a vontade de não largar uma trilogia quando só falta uma pequena parte do caminho para seguir é muito forte. Odeio largar qualquer coisa que seja.
Gostaria de dizer, aqui, que esse livro não é ruim, apesar da minha resenha desencorajadora. É uma boa sequência para o primeiro, apesar de ser super diferente, e prepara um bom terreno para o terceiro. Eu só senti que, salvo algumas ocorrências, ele cai um pouquinho na síndrome do segundo livro. Nada que você perceba enquanto lê, mas algo que você vê depois que termina e reflete. Ou pelo menos foi assim que me senti, claro que várias pessoas vão discordar.

Beijos, etc.

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Resenha: Aristotle and Dante Discover the Secrets of the Universe

de Benjamin Alire Sáenz

Eu comecei a ler esse livro sem saber quase nada sobre ele. Tudo que eu sabia era que ele não era realmente sobre Aristóteles, ou Dante (até porque isso seria meio difícil), mas sim sobre dois garotos com o nome deles. Eu sabia que o livro era sobre a amizade deles e também que um dos personagens, o que narrava a estória, vivia deprimido e tentando descobrir quem ele era. Fora isso, nada. Mas eu ouvi por aí que ele era muito bom, e ele tinha vários adesivos de prêmio na capa, então pensei: por quê não? Ele tem poucas páginas. Eu definitivamente consigo ler isso em um dia.
E foi o que fiz.
No início, eu estranhei um pouco. O personagem principal começa sua narrativa reclamando da música que está tocando no rádio, reclamando do homem que escolhe as músicas, reclamando de várias coisas. Eu pensei, por que não desliga o rádio, então? Mas é claro que não é tão simples, e acho que entendo. É melhor sentir raiva da música do que morrer de tédio sem escutar nada.
Descobri que o livro se passa nos anos 80 (mas não acho que a época tenha tido muita diferença nos eventos do livro), e que nosso personagem principal, Aristotle, narrava. Os primeiros 5 ou 6 capítulos são bem apressados, indo logo pra parte em que ele e o Dante se conhecem, mas a escrita entra em um ritmo logo e se torna maravilhosa antes que você perceba o que aconteceu. O autor conseguiu colocar muito sentimento e muito significado na narrativa, sem perder a noção de que quem estava narrando era um menino de 15 anos. Você não duvida dos pensamentos filosóficos de Aristotle, porque ele os coloca de uma forma tão adolescente (no linguajar usado, na construção das frases...), mas ainda assim tão sábia, que em momento nenhum você pensa "ei, pessoas de 15 anos não falam assim!", como acontece em certos livros.
Aristotle, ou Ari, como prefere ser chamado, está extremamente deprimido, e ele não sabe muito bem o porquê. Ele tem ideias, claro, mas ele não tem certeza. Ele nunca teve um bom amigo, ou um melhor amigo. Seu pai está atormentado pelos fantasmas da guerra. Seu irmão mais velho, que ele nem conheceu direito, está na prisão e seus pais se recusam a falar sobre ele... E Ari não sabe direito como lidar com tudo isso. Ele não é muito de falar, de demonstrar seus sentimentos, e as vezes ele pode até ser bem rude com as pessoas, mas ele quer melhorar. Ele quer descobrir porquê, ele quer descobrir os mistérios de sua própria vida.
Uma das coisas que amei nesse livro foi a relação dos personagens com seus pais. Não faz nem uma semana que postei uma outra resenha dizendo que eu queria um livro em que os personagens adolescentes tivessem relações decentes com seus parentes, e esse livro foi isso. O Ari, apesar de as vezes falar sem pensar, ou pensar muito e acabar não falando nada, é um ótimo filho. Assim como Dante. E eles tem ótimos pais.Tanto os pais de Ari quanto os pais de Dante são maravilhosos, apesar de cometerem erros. Cada um tem a sua personalidade própria, cada um tem o seu próprio desenvolvimento ao longo da narrativa.
De fato, nenhum dos personagens me pareceu ter uma personalidade fraca (no sentido de ser tão usada que já estamos cansados dela), ou estereotipada. Todos eles tinham suas próprias características, e todos eles crescem nessa estória, ainda que em diferentes escalas. Mesmo Gina e Susie foram bem pensadas, e eu me via torcendo para que a amizade delas com Ari desse certo.
Esse livro é sobre mudanças, sobre transições, sobre descobrir quem você é. Ele se passa em pouco mais de um ano, e nesse ano Ari e Dante mudam muito, experienciam muito. Se machucam, ficam bem, ficam doentes, voltam a ficar melhores, brigam, fazem as pazes... E chegam mais perto de descobrir quem são. De descobrir todos os segredos do universo. Não sozinhos, mas com a ajuda um do outro, e dos membros de suas famílias. E foi tudo tão bem executado, que é quase como se tivesse sido por baixo dos panos. Pelo menos para mim. Quando percebi, Ari e Dante eram pessoas completamente diferentes.
O Aristotle tem uma tristeza dentro dele que é quase parte de sua personalidade. Em certo ponto, ele pensa que ele realmente odeia todo mundo, que ele não sabe o que é amor, mas ele não percebe que ele tem amor em volta dele, e dentro dele. Ele só não sabe se comportar, como amar, como se importar.
Eu admiro muito o Dante por sua personalidade quase totalmente oposta à de Ari. Ele ama animais, fica triste quando eles morrem, tenta ajudá-los, e procura dizer sempre o que ele está sentindo, principalmente se for uma coisa boa. Sua amizade com Ari é linda, e mesmo quando Ari é rude com ele, ele entende que essa é a personalidade dele, que ele nem sempre quer dizer o que ele fala - e ele fica com Ari e o ajuda. Eles ajudam um ao outro.
De um jeito, eu me identifico com os dois (tenho certeza de que não sou a única). Essa depressão quase inerente à personalidade de Ari (que ele engole, que ele não compartilha, que ele esconde) é tão dele quanto minha. Todos nós temos um pouco de tristeza. Mas todos nós temos um pouco de alegria também. Querer expressar nossos sentimentos (mesmo sem conseguir sempre), querer ajudar àqueles com quem nos importamos, mesmo que sejam animais... Isso é mais Dante do que Ari. Eu sinto que sou uma mistura dos dois. E mesmo eles tem um pouco do outro.
E aí entra um dos motivos de eu ter gostado tanto desse livro. Enquanto eu estava lendo, um pensamento me ocorreu de que esse livro se parecia muito com uma fanfic. Eu não conseguia saber o que era, o que ele tinha de tão parecido, mas achei que fosse o estilo da escrita ou os acontecimentos rápidos (já que o livro é razoavelmente curto) que se dão no livro. Mas aí eu percebi o porquê. Eu já li muitas fanfics lindas que me emocionaram muito e 70% da razão de isso poder acontecer era porquê, por as fanfics serem baseadas em outro universo já existente, você já conhece os personagens, e por isso o autor pode usar sua estória para enredos sem muita ação, que não precisem manter sua atenção o tempo todo, ou mais desenvolvimento de personagens, do que passar metade do tempo nos apresentando as pessoas sobre quem o livro é.
Em Aristotle and Dante Discover the Secrets of the Universe, eu me senti, desde o início, como se já conhecesse os personagens. Eles já me eram familiares, o autor não precisava descrevê-los para mim. Com isso, o autor teve liberdade para criar uma estória mais intensa.
O livro também me deixou nostálgica, pensando em uma época que perdi, que passou. A época em que eu brincada de pique-esconde, e corria com meus amigos. Ari e Dante passam por esse momento de nostalgia. Eles crescem, e de repente as brincadeiras que faziam na rua, tão divertidas em outra época, podem apenas ser reproduzidas na memória. Eles estão velhos demais para isso agora.
Eu tenho tanta coisa pra dizer sobre esse livro, mas eu sinto que já disse demais.
Ari e Dante queriam descobrir os segredos do universo - o que eles conseguem, de certa forma. Os bons e os ruins. E eles vão continuar descobrindo, sem nunca saber tudo. Nem sobre o universo, e nem sobre si mesmos.

Beijos, etc.

sábado, 4 de janeiro de 2014

Resenha: Mara Dyer #2 - The Evolution of Mara Dyer

de Michelle Hodkin

Spoilers do primeiro livro.

Mara acorda em um hospital, sem ideia de como foi parar ali. A médica que a acorda diz que ela foi trazida no dia anterior e internada por seus pais, pois foi encontrada na delegacia gritando, e sem conseguir parar.
Não sei direito como dar uma sinopse desse livro sem contar a estória dele, mas depois dessa recaída de Mara, seus pais estão a assistindo bem de perto, e a qualquer sinal de comportamento estranho, ela corre o risco de ser internada de novo. Eles não querem que sua filha fique presa em um hospital, é claro, mas eles farão o que for preciso para ajudá-la e mantê-la a salvo.
Com mais problemas do que nunca, pois Jude está de volta e ninguém acredita nela, e correndo o risco de ser internada novamente se disser qualquer coisa fora do normal, Mara tem que lidar com a nova ameaça que ele apresenta com apenas Noah ao seu lado.

Eu gostei bastante desse livro. Não sei se é melhor do que o primeiro, apesar de ter muitos outros aspectos envolvidos nele, mas o primeiro foi um POUQUINHO mais... intrigante? Na minha opinião. Não que eu não tenha pensado "MAS QUE MERDA ESTÁ ACONTECENDO?" durante boa parte desse livro, mas no primeiro era tudo novo, tudo um mistério. Nesse nós já sabemos sobre o poder de Mara, ao invés de estar descobrindo sobre ele, e já sabemos sobre Noah.
Ok, na verdade, isso pouco importa. Os dois livros me fizeram quebrar a cabeça. O que me fez gostar mais do primeiro foi a nossa personagem principal, Mara. Eu sei que ela está passando por muita coisa ao mesmo tempo, e que tudo é muito confuso pra ela, e que a vida dela não é fácil, mas sinceramente? Ela poderia muito bem tratar a família dela de forma melhor. Principalmente sua mãe. A forma como a relação dela com sua mãe se dá nesse livro me deixou MUITO irritada com Mara. Eu sei que deve ser difícil ter pais que não acreditam no que você jura que é verdade, mas ela esquece de levar em consideração que muito do que ela viu NÃO era verdade. A mãe dela a achou com os braços mergulhados numa banheira depois de HORAS. E no início desse livro ela foi encontrada gritando histericamente. Mara está irritada porque sua mãe acha que ela está ficando maluca, mas para uma pessoa de fora, que não sabe de toda a estória, isso é exatamente o que parece.
Apesar de Mara estar passando por muita coisa, ela realmente podia ter tentado entender melhor sua mãe, sem toda a aversão que ela parece ter por ela nesse livro. Eu estou cansada de ler sobre adolescentes com mommy issues. Me dê mais livros com boas relações entre pais e filhos.
Tudo bem. Essa foi a única coisa que me irritou no livro, eu acho. Mas foi um aspecto tão recorrente que eu tinha que respirar fundo e me controlar toda hora, e foi por isso que achei o primeiro melhor.
A escrita desses livros, sinceramente, não fede nem cheira pra mim. Não é ruim, e nem irritante. Não é excessivamente descritiva e nem excessivamente poética. Mas também não é ótima, não me deixa pensando, não me faz sublinhar passagens como alguns livros fazem. A escrita desse livro é invisível, e talvez isso seja uma coisa boa.
Sobre o enredo em si, nesse livro entram vários outros aspectos que eu nem imaginava que iam entrar quando li o primeiro. Toda a estória da boneca da vó dela (que boneca assustadora, senhor) me interessou muito, e a revelação do final me surpreendeu bastante. Eu não estava, de forma alguma, esperando por aquilo.
Você continua sem saber direito no que acreditar. Mara, afinal, realmente tem algumas alucinações. Você não pode confiar nela. Você duvida se Jude é real. Se a boneca é aquilo tudo que parece ser. Se algumas situações são reais. Eu cheguei até a pensar que talvez Mara e Noah estejam ambos loucos e tudo isso seja algum tipo de alucinação em grupo que eles estão tendo, mas isso é bom, isso mantém o livro interessante, e mantém sua vontade de voar pelas páginas pra descobrir logo o que diabos está acontecendo. Minhas teorias foram surgindo e sendo destruídas, surgindo e sendo destruídas, e agora eu não sei se tenho mais alguma restando.
Estou muito ansiosa pelo terceiro livro, e o goodreads diz que ele vai ser lançado em junho desse ano, então... YAY por não ter que esperar uma quantidade absurda de tempo.

Beijos, etc.

Resenha: Legend #3 - Champion

de Marie Lu

Spoiler dos livros anteriores.
Eu li esse livro imediatamente após ter terminado o anterior. Eu sabia que ia querer o próximo livro logo depois de terminar o segundo, depois de ver algumas resenhas por aí que falavam de um certo cliffhanger, então resolvi esperar até Champion sair pra finalmente ler Prodigy.
Mas eu tive que esperar pelo menos um mês depois de ter terminado pra fazer a resenha desse terceiro livro, por quê toda vez que eu tentava, eu ficava muito emocionada e tinha que parar. Pois é.
Antes de mais nada, eu preciso dizer que essa é com certeza uma das minhas trilogias favoritas, se não A minha trilogia favorita. Todos os livros nela foram ótimos, e tudo nela me surpreendeu. Principalmente o segundo livro.
Esse terceiro foi... diferente. Muita coisa já tinha sido mais ou menos resolvida no segundo (o que eu adorei) e eu não fazia a mínima ideia do que ia acontecer nesse. Posso dizer, com certeza, que tive uma boa surpresa. A volta do fator PRAGA (que tinha sido uma coisa que eu tinha esquecido completamente depois do primeiro livro) me pegou totalmente despreparada.
Se no livro anterior eu fiquei surpresa com a autora por nos mostrar as Colônias, e não apenas o lugar imediato no que o livro acontecia (como a maioria das distopias faz), nesse livro nós temos a chance de ver ainda mais longe: a Nova Antártica com todo o seu mundo maravilhoso de tecnologia.
Eu fiquei tão interessada nesse lugar novo que estou pensando até em mandar uma carta pra Marie Lu, dizendo que se ela for escrever algo novo, por FAVOR, faça uma nova trilogia que aconteça na Nova Antártica. Eu simplesmente PRECISO de mais daquele mundo. Preciso saber mais sobre suas maravilhas - e sobre seus problemas. Spin-off, alguém? Spin-off, por favor.
A escrita de Marie Lu continua sendo incrível (e a tradução que tentei ler de Legend continua sendo medonha. Se você sabe inglês, pegue esses livros em inglês.). Nada mudou aqui.
Eu fiquei frustrada com os personagens? Claro. Eles fizeram decisões com as quais eu não concordei? O tempo todo. Fiquei dividida, em certo ponto, entre Day e Anden (Anden, seu lindo, eu esperava tão pouco de você e você se tornou tanta coisa)? SIM. Eu fiquei com vontade de dar um soco na cara do Day e um gancho no queixo da June em certos momentos? Claro, e a única coisa me impedindo era a inexistência física dos personagens. Mas houve desenvolvimento? MUITO. E não só dos dois personagens principais; de vários outros personagens também. Nesse livro, eu me peguei sentindo pena de um personagem que eu detestava no primeiro livro: o Thomas. Como isso aconteceu? Eu ainda não sei.
E falando no Thomas, eu quase fui reduzida a uma poça de lágrimas quando ele nos contou sobre o Metias.
E falando em Thomas e Metias, eu preciso levantar e bater palmas pra Marie Lu por ignorar a existência da homofobia nesse seu novo mundo. Um mundo sem homofobia, como deveria ser. Quando Metias acha que não pode ficar com Thomas, não é por que ambos são homens, mas porque ele é seu SUBORDINADO no trabalho. E quando Pascao flerta com Day, ninguém nem pisca.
Fora isso, palmas para ela pelas pequenas coisas que adicionou. Como por exemplo, no início do livro, quando Day está passando por algum lugar na costa, ele olha para o horizonte e vê o topo de alguns prédios, quase totalmente engolidos pela água. Isso foi uma adição de um parágrafo que provavelmente passou despercebida pela maioria mas que me fez MUITO feliz.
Voltando aos personagens e aos plots principais, apesar de eu ter gostado muito desse livro, ele não foi  tão bom quanto Legend, e certamente não como Prodigy. Como descobrimos no final do segundo livro, Day está gravemente doente, e por isso esse livro teve uma atmosfera muito... deprimente. É isso, o livro foi deprimente. Apesar de ainda ter várias cenas de ação, de ser SUPER interessante, de me surpreender muito, e de não falhar na boa escrita e no desenvolvimento dos personagens, a atmosfera triste desse livro me envolveu de tal forma que eu sentia meu coração apertado toda vez que uma cena de ação era interrompida por Day tendo uma dor de cabeça. Eu fiquei com medo por ele, de um jeito que não aconteceu nos últimos dois livros, toda vez que ele ia fazer algo perigoso.
E agora, sobre o final. Eu não estava esperando um final de contos de fadas, e tinha três finais em mente. Um muito triste, mas suportável. Um tão triste que me faria odiar o livro inteiro. E esse.
Vi muitas resenhas que odiaram o final, ou que o acharam triste de uma forma desnecessária, mas eu gostei bastante, apesar de ser sido um pouco amargo. Eu estava esperando algo MUITO pior. Na verdade, eu estava me preparando para algo TÃO ruim, que ao terminar esse livro (com lágrimas nos olhos, sim, admito) eu suspirei meio que aliviada por não ter sido o que eu pensei e fui IMEDIATAMENTE procurar fanfics (e foi aí que descobri que o mundo tem uma escassez muito grande de fanfics de Legend. Precisamos consertar isso).
Eu não concordei exatamente com a decisão que foi tomada por um dos personagens no final do livro, mas fiquei feliz que tal personagem tenha voltado atrás no finalzinho. O tempo para que essa mudança de opinião ocorresse foi o tempo em que eles puderam evoluir como pessoas, descobrir e testar novas coisas, e só então, ter certeza do que queriam. O final do livro nos deixa não apenas com esperança, mas com uma quase certeza (esse quase sendo 99% de chance), o que é mais do que eu posso dizer de alguns finais aí que todo mundo pareceu gostar mesmo assim (cough cough ELEANOR & PARK).
Apesar de eu desejar que Marie Lu tivesse nos dado mais, que o livro tivesse sido mais longo, que tivesse continuado por pelo menos algumas horas depois do momento em que acaba, eu fiquei satisfeita com o final. Não inteiramente feliz, e nem completa, mas satisfeita.
E ei, talvez ela aceite meu conselho e faça um spin-off sobre a Nova Antártica, talvez acontecendo alguns anos depois do final de Champion? E aí talvez - só talvez, ela nos deixe saber o que aconteceu com certeza? Eu sei que é esperança demais, mas quem sabe?

Beijos, etc.

Resenha: Penryn & the End of Days #1 - Angelfall

de Susan Ee

Essa é uma estória sobre Penryn, uma menina vivendo num mundo pós-apocalíptico, depois de que os anjos atacaram todos os humanos na Terra, e os que restaram tem que tentar sobreviver e se esconder, tanto dos próprios anjos, quanto dos humanos que se aproveitam da situação. Nossa estória começa quando nossa personagem principal, sua irmã (sendo levada na sua cadeira de rodas) e sua mãe, que não é exatamente normal também, estão saindo de seu apartamento para achar refúgio em outro lugar, pois ali já não é mais seguro. Elas saem à noite, e enquanto estão se esforçando para caminhar silenciosamente, elas presenciam uma luta entre anjos que muda o curso de sua viagem drasticamente.

Wow. Ok. Eu comecei a ler esse livro por que depois da trilogia Unearthly eu queria outro YA que envolvesse anjos, e esse me pareceu muito interessante. As resenhas no goodreads eram ótimas, e o segundo livro já tinha sido lançado. Ótimo, eu pensei. Se o segundo livro já saiu, vou ter dois livros para ler direto e aí só vou ter que esperar por um. MAS NÃO. Parece que no início essa ia ser uma trilogia, mas agora a autora está planejando escrever pelo menos 5 livros? Eu estou muito feliz com isso, não se engane, pois eu gostei do livro e quero MAIS, mas ter que esperar mais ainda pela conclusão me deixou desanimada para ler o segundo. Isso porque eu tenho essa irritante tendência de esquecer tudo o que li depois de um tempo.
De qualquer forma. A escrita desse livro não tem nada de muito poético ou sublinhável ou notável, mas eu digo isso de um jeito bom. A escrita é o que precisa ser em um livro dessa natureza: rápida, sem enrolação, mas que ainda mantém seu interesse. Não é muito descritiva, mas você ainda consegue uma imagem vívida das situações na sua cabeça. Apesar de algumas coisas terem sido um pouquinho previsíveis (pelo menos para mim), a maioria não foi. Bonus points.
Pela capa meio fofinha e pela sinopse meio vaga, eu esperava que esse livro fosse bem menos perturbador do que ele foi. Não que ele tenha sido exatamente obscuro, mas muitas cenas e coisas que aconteceram me pegaram de surpresa, no sentido de que eu não esperava que a autora fosse realmente ousar ir praquele lado bizarro das coisas.
Os personagens são ótimos. Eu não sinto que qualquer um deles tenha sido mal desenvolvido (para um primeiro livro), mesmo os que apareceram pouco. E olha que esse livro é pequeno. Na verdade, eu mal posso acreditar que esse livro tenha sido tão pequeno, pois MUITA coisa acontece nele.
Eu geralmente tenho esse grande problema com personagens principais, principalmente se eles narram o livro, e eu estava PRONTA para não gostar da Penryn. Mas gente, eu a amei. Ela é a minha personagem favorita do livro até agora. Ela parece tomar todas as decisões que eu tomaria, suas habilidades são incríveis, e seu senso de humor também.
Eu não sei se tenho algo de ruim para falar desse livro. Até o romance (sim, tem um romance, o que você esperava?) me deixou interessada. Nada de amor instantâneo, prioridades ainda continuam sendo prioridades para nossa querida Penryn, e muito potencial para os próximos livros. Além do interesse romântico também ser um ótimo personagem por si só.
O fato de que eu vou ter que ESPERAR pelo terceiro (e olha que eu ainda nem li o segundo) me faz chorar de frustração. Angelfall saiu em 2011, e World After saiu em 2013. Pela lógica, o próximo sai em 2015, mas eu duvido que ela demore tanto.
Susan Ee, escreva mais rápido, por favor.

Beijos, etc.

Resenha: Dash & Lily's Book of Dares

de Rachel Cohn e David Levithan

Nesse livro, temos dois pontos de vista. Os de Dash, escritos por David Levithan (o que é óbvio, se você conhece o estilo de Levithan) e os de Lily, escrita por Rachel. Dash está andando pelos corredores de sua biblioteca favorita, procurando por nada em particular, quando vê um livro que não se encaixa. Ou melhor, um caderno vermelho. Ele o pega imediatamente, e no caderno estão uma série de desafios pelos quais ele deve passar antes de devolver o caderno à dona. Dash, ao invés de devolver o caderno, deixa para ela mais uma série de desafios que ela deverá seguir se quiser o caderno de volta, e é assim que começa o troca-troca e os desafios de Dash e Lily.

Eu peguei esse livro porque The Knife of Never Letting Go me deixou deprimida. Eu queria um livro feliz e fofinho, e esse parecia ser tudo isso, e eu já queria lê-lo a algum tempo (David Levithan!). Ele se passa na época de Natal, e eu ainda tô no clima de Natal, então por quê não?
O livro é realmente bem fofinho, bem feliz. A família de Lily e suas mini-estórias me deixaram feliz e equilibraram as estórias tristes que o Dash contava sobre seus pais. Boomer, Langston, o avô, e até Sophia, foram ótimos personagens secundários que só fizeram do livro melhor ainda.
Eu AMEI Lily. Ela é tão otimista, tão alegre, tão boa, que não tem como não amá-la. E eu gostei bastante de Dash apesar de achar que ele é um pouco presunçoso. Nenhum adolescente fala do jeito que ele fala, David, mesmo que eu queira muito encontrar um homem assim. Vi muita gente reclamando do Dash no goodreads e falando que ele é inacreditável como pessoa porque usa palavras grandes e conversa de um jeito que ninguém conversaria, mas essas são as mesmas pessoas que tem The Fault In Our Stars como livro favorito, então não entendi o problema delas. (Hazel e Augustus também tem umas conversas bem atípicas pra jovens da idade deles, e o livro não deixa de ser maravilhoso.)
Apesar de tudo isso, eu sou obrigada a dar ao livro apenas 3 estrelas. Apesar de ter gostado, de ter lido bem rápido, e dele ter me deixado feliz, ele não tem aquela coisa... inesquecível, ou muito boa, que alguns livros pros quais eu dei 4 ou 5 estrelas tem. Me parecia injusto com os outros livros, mesmo que eu odeie compará-los. Se eu acho um livro muito bom, eu dou 5 estrelas pra ele, mesmo que ele não seja tão bom quanto, digamos, Lobos de Calla, um dos meus livros favoritos. Não é justo com o livro.
Mas esse livro foi bem... esquecível. Ele é uma boa leitura, me tirou da depressão literária, mas no final desse ano, eu vou me lembrar de alguma coisa da sua estória? Não. Ele serve como algo pra levantar seu humor, mas se você tem outras coisas na sua lista, eu definitivamente te recomendaria ler essas outras coisas primeiro.

Beijos, etc.

Resenha: Chaos Walking #1 - The Knife of Never Letting Go

de Patrick Ness

Eu não sei se esse livro é considerado distopia, ou sci-fi, ou o quê, mas a estória é a seguinte: Nosso personagem principal, Todd, está a um mês de fazer 13 anos, idade na qual ele se tornará um homem. No planeta onde ele vive, no entanto, o que eles chamam de New World, os anos duram 13 meses, o que faz com que nosso personagem tenha uns 14 anos de idade, de acordo com os nossos meses aqui.
Todd vive num lugar onde algum tipo de doença se espalhou pelos cidadãos assim que eles chegaram lá (uns 20 anos atrás), e o que quer que tenha sido a doença, ela fez com que todos os homens fossem capazes de ouvir o pensamento de todos os outros homens, e matou todas as mulheres. Eles chamam essa doença de "The Noise". Está em todos os lugares, o tempo todo. Você nunca pode realmente escapar, o ruído nunca para.
Todd é o último menino da cidade; todos os outros já viraram homens. Um dia, ele está indo buscar maçãs para seu "pai", Ben, (seus pais de verdade morreram. Dois homens cuidam dele: Cillian e Ben), e ele se depara com algo que achava impossível: absoluto silêncio.

Eu li esse livro em inglês porquê, sinceramente, como você vai de The Knife of Never Letting Go para O Motivo? E que capa horrível é essa que a Pandorga deu para a edição brasileira? Sério. Então eu já sabia que se gostasse do livro, eu ia querer comprá-lo em inglês (títulos bem melhores e que fazem sentido na estória, capas bonitas...). O fator decisivo para eu começar a ler em inglês foi quando eu ouvi alguém dizendo que a narrativa dessa trilogia era bem diferente: o Todd nunca aprendeu a escrever ou ler direito, e como a narrativa é em primeira pessoa, ele escreve como ele ouve as palavras sendo ditas. Então várias vezes ele escrevia coisas como preparayshuns onde deveria ser preparations, etc. Outro fator foi o de que eu ouvi que durante o livro vários sotaques diferentes são representados na escrita, e eu sabia que isso ia se perder muito na tradução. Preferi pegar na língua original mesmo.
Essa escrita nova que o Patrick Ness usa me deixou um pouco confusa no início, mas eu logo me acostumei com ela. Não tinha lido nem 7% do livro quando me acostumei de verdade, então sem maiores problemas aqui.
Os personagens são muito bons e bem escritos. Os personagens maus são MAUS  mesmo e te deixam com vontade de matá-los você mesma, e os nossos dois personagens principais, Todd e Viola, tem falhas, cometem erros, tem seus momentos fofos, momentos heróicos, etc. Eu fiquei com vontade de gritar com eles, e de colocá-los no meu colo e dizer que vai ficar tudo bem, as vezes na mesma página.
E a estória em si, também, é muito interessante de ler. Eu tinha uma ideia de pra onde o enredo estava indo, mas eu não esperava muitas das coisas que aconteceram.
A única crítica que tenho desse livro é que ele é muito deprimente. Eu senti, enquanto ia lendo, que tudo estava ficando pior e pior, nada parecia melhorar nunca, a atmosfera era triste e eu estava, muito como Todd e Viola, sem esperança.
E tem uma coisa que acontece, lá pelos 70 ou 80% do livro, que me deixou MUITO mais deprimida do que eu já estava. De fato, foi nessa hora que eu realmente comecei a perceber o quão triste esse livro estava me deixando. A única coisa que me deixava realmente feliz no livro foi tirada de mim de forma brutal, sem pena.
Talvez eu tenha lido esse livro rápido demais, e por isso tenha ficado muito sufocada nele. Talvez eu devesse ter dado algumas paradas. Mas ao mesmo tempo em que ele me deixava com esse sentimento, eu não conseguia largá-lo. Eu precisava saber o que ia acontecer, como ele ia terminar. Eu quase imediatamente comecei o segundo quando terminei esse, e só aí percebi que não, eu não podia ler tudo isso direto, eu devia ler alguma coisa feliz no meio.
Eu realmente espero que Patrick Ness me dê alguma outra felicidade no próximo livro. Mais personagens bons, mais coisas boas, para que eu possa me refugiar neles quando me sentir sem esperança de novo. Não sei se vou aguentar se ficarmos só com Todd e Viola.

Beijos, etc.