sexta-feira, 10 de maio de 2013

Resenha: Morte Súbita

de J. K. Rowling

Desconfortável.
Essa é a palavra que resume o que o livro foi para mim melhor do que qualquer outra.
Morte Súbita começa com a morte de Barry Fairbrother. Nós não temos qualquer ligação emocional com nenhum dos personagens ainda, e de repente! morte. Eu comecei a ler esse livro sem saber nada sobre a estória, mas confesso que se tivesse lido a sinopse saberia que esse personagem morreria logo. Apesar de tudo, não fiquei tão surpresa assim com essa morte, pois já estava meio preparada pra uma cadeia de falecimentos, por causa do nome.
De qualquer forma, o livro é basicamete sobre como a morte desse personagem afeta as pessoas na cidadezinha que ele mora, sendo o arco principal a disputa pelo lugar que Barry deixa vago no Conselho quando morre.
Em termos de escrita, não tenho nada de importante a dizer. Acostumada a ler os livros de J. K. desde pequena, a escrita dela é uma coisa que já me passa despercebida, não me impressiona e nem incomoda de forma alguma. Eu apenas leio, é automático.
Sobre a estória... Bom, o livro é extremamente entediante no início, e eu demorei umas 300 páginas pra começar a realmente lê-lo com pouco mais do que um sentimento de obrigação.
Os personagens desse livro não são nem um pouco gostáveis. Não tem UM que salve, exceto talvez o morto, de quem todos falam tão bem durante toda a narrativa. Mas todos os outros personagens são pessoas com muitos (muitos) defeitos. Defeitos que me deixaram bem nervosa enquanto lia.
De fato, conforme tudo vai se desenvolvendo, você começa a tender pelo lado de um certo personagem ou outro, mas não pela personalidade deles, e sim pela situação na qual se encontram. Você não vai gostar de um personagem por ele ser uma boa pessoa, mas vai simpatizar com ele por ele ter uma vida difícil.
Todas as pessoas nessa cidade parecem estar interessadas somente no que acontece a elas mesmas, e certas atitudes me impressionavam em todo o seu egoísmo e falta de consideração.
Isso tira pontos da J. K., pois a minha sensação ao ler foi que ela estava tão preocupada em demonstrar como certas pessoas podem ser, que colocou todos os exemplos ruins em um mesmo lugar, numa mesma cidade, e isso é simplesmente impossível. Eu acredito que tais pessoas existam, mas não acredito que estejam aglomeradas em tão pequeno espaço assim. A palavra "forçado" então, se junta à palavra "desconfortável".
Mas desconfortável porquê?
Eu tentei, juro que tentei, tirar tudo o que tinha na cabeça de Harry Potter, mas algumas menções à sexo ou alguns pensamentos ruins que os personagens tem me fizeram pensar "essa pessoa escreveu Harry Potter, isso é tão estranho".
Mas apesar de tudo, passei por cima disso bem rápido, e me esqueci de Harry Potter logo. Ainda assim, o livro é desconfortável pelos inúmeros palavrões (não ligo para palavrões, mas...por ser a J. K. escrevendo, fiquei sim incomodada, por alguma razão) e pensamentos horríveis. E não só isso, mas pela situação em que certos personagens se encontram. Tudo me pareceu deprimente e desnecessário demais.
Eu aguento jovens deliquentes se rebelando contra os pais, ou jovens que pensam muito em suicídio, ou estupro, ou perversão, ou drogas, ou pais que não sabem educar seus filhos, etc. Mas jogar tudo isso de uma vez só no livro é forçação de barra, desculpa.
Quer escrever um livro sobre a vida da Krystal e seus sofrimentos? Ok. Maravilhoso. Quer escrever um livro sobre a Sukhvinder e seus conflitos internos e externos? Fenomenal. Quer falar sobre o abuso emocional e físico que ocorre na casa dos Price? Esplêndido. Mas colocar tudo isso em um mesmo livro com tantos personagens que você nem consegue lembrar o nome de metade deles é demais.
No final, o livro fica um pouquinho melhor, mas no todo é entediante, forçado em sua tristeza e pobreza de espírito dos personagens, e o enredo principal é quase inexistente.
Fiquei com uma sensação de "pra quê?" ao terminar de ler, e isso é horrível.
Não recomendaria.

Beijos, etc.

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