segunda-feira, 6 de maio de 2013

Resenha: Every Day

de David Levithan


Eu já tinha lido David Levithan antes, e já gostava de seus livros e sua escrita, mas Every Day me chamou a atenção.
Esse livro conta a estória de A. A não é homem nem mulher, A não se vê assim. Eu vou chamar A de "ela" porque é A pessoa, A alma, mas A não tem sexo, porque A acorda todos os dias em um corpo diferente.
Logo no início do livro A nos explica que apesar de sempre ser alguém diferente, ela sempre tem a mesma idade. Por exemplo, ela não pode passar de uma criança de cinco para um homem de sessenta de um dia para o outro. Ela passa 365 dias mudando entre corpos de 16 anos, depois 365 mudando entre corpos de 17, etc.
David não se preocupa em explicar por que isso acontece, ou em resolver a situação. Essa não é a proposta do livro, então não se iluda.
Nós começamos com A no corpo de Justin, um menino de 16 anos. Esse menino tem uma namorada que o ama, a Rhiannon, mas ele a trata... um pouquinho mal. Com algum descaso. A, no início com pena dela, a leva em um encontro. A nunca se permite interferir demais na vida de seus... "hospedeiros", mas algo em Rhiannon faz com que ela ignore as regras.
Resultado: Após algumas horas, A, que nunca teve nenhuma experiência tão intensa com alguém assim, se apaixona por Rhiannon.
O livro então segue contando como A tenta sempre voltar e ver Rhiannon sem revelar seu segredo, revelar que não era Justin com ela aquele dia (logo no início ela acaba contando, porque percebe que esconder não ia dar certo).
O livro tem duas intenções: mostrar o amor de A e Rhiannon, e mostrar quão diferentes as vidas de pessoas da mesma idade podem ser. A segunda, na minha opinião, é o porquê do livro valer a pena. A troca de corpos involuntária e diária de A nos mostra vidas extremamente diferentes.
A pula de uma menina pobre que trabalha como empregada doméstica e não fala uma palavra de inglês para um menino extremamente religioso que recebe tudo de seus pais, de um dia para o outro.
A passa pelo corpo de alguém viciado em drogas passando por uma crise de abstinência. A passa por uma menina com um caso severo de depressão.
Ler esse livro me fez pensar muito nas diferenças e condições que a vida impõe a cada indivíduo, e algumas vezes eu me esquecia completamente de Rhiannon e era quase um baque quando A a mencionava.
Em um certo ponto da estória, A se perde em seu egoísmo de querer ir ver Rhiannon a qualquer custo e cria consequências terríveis para os verdadeiros donos do corpo em que está. Consequêcias que A nunca tem que sofrer, porque A sempre vai embora.
Não me entenda mal, eu realmente me sinto terrível por A. Não ser capaz de se apegar a ninguém, a nenhum rosto amigo, nunca? Ela tem o direito de ser um pouquinho egoísta. Mas os problemas que ela causa para alguns de seus "hospedeiros" são sérios, e tudo por causa de uma relação que estava fadada a falhar mais cedo ou mais tarde.

O livro é maravilhoso, sim, e me ensinou muitas coisas a cada dia que A passava em um corpo diferente. E se não fosse pela forma como A começou a me irritar um pouco depois do meio do livro, receberia cinco estrelas. Mas infelizmente isso acontece, então recebe quatro.
David Levithan é sempre uma experiência maravilhosa, no entanto. Eu recomendo.

Beijos, etc.

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