terça-feira, 14 de maio de 2013

Resenha: A Cabana

de William P. Young

Olha eu aqui, atrasada para a festa.
Depois de anos de sucesso, finalmente, li A Cabana!
Eu sei (por perguntar por aí) que muitas pessoas não se sentem bem para criticar esse livro simplesmente pelo fato de ele falar de Deus (como se, ao criticá-lo, estivéssemos criticando o próprio Deus, o que não é verdade). Gostaria de deixar claro que acredito em Deus (embora talvez não da mesma forma que a maioria das pessoas, ao que parece), mas que um livro é um livro, e eu vou julgá-lo como tal.
O livro não se rotula de auto-ajuda (ainda tem hífen? droga, reforma ortográfica) tão explicitamente, mas é isso que ele é. Acho que a maioria das pessoas não sabe disso, e o leem simplesmente pelo fato dele ser um bestseller, mas como eu e você sabemos, ser bestseller não é sinônimo de ser bom.
O livro conta a estória de Mackenzie, Mack, que perdeu sua filha de seis anos e como consequência, sua confiança em Deus. Um belo dia, Mack recebe uma carta, supostamente escrita por Deus, que diz que ele o estará esperando na tal da Cabana que dá o título ao livro. Essa Cabana não é aleatória, mas a minha resenha deve ser livre de spoilers, mesmo que sejam pequenos. Mack fica confuso, acha que alguém está pregando uma peça de mal gosto nele, mas mesmo assim vai. Lá, ele passa um fim de semana tendo suas perguntas mais ou menos respondidas, sua confiança restaurada, e sua alma lavada.
Aqui vai minha opinião:
O tempo todo eu não pude deixar de me perguntar: Por quê Mack? Claro, ele está sofrendo, mas ele ainda tem pessoas que o amam em sua vida, coisas que o fazem feliz. Se Deus se propõe a passar um fim de semana inteiro com Mack apenas para a paz de espírito desse personagem e para que sua confiança em Deus volte, será que Deus faz isso com todos os que perdem a fé, ou tem a fé enfraquecida, diante de uma perda muito grande? A resposta pra isso é não. Deus (e quando eu digo Deus, estou me referindo ao Deus personagem, ao Deus do livro) não faz isso, com certeza. Muitas almas permanecem perturbadas por imagens do passado, com a fé abalada ou completamente perdida, e Deus não cura todas elas. O que me leva à primeira falha do livro: apesar de Deus deixar claro durante todo o livro, através de frases bonitas e perguntas retóricas, que não tem favoritos, sua ações mostram algo diferente. Se não tivesse favoritos, ou todos receberiam um final de semana, ou ninguém receberia.
O livro em si tem uma estória bonita. Um homem que está lutando com uma "Grande Tristeza" tem a chance de acalmar seu coração conversando com Deus. Não tenho dúvida de que muitas pessoas achem o livro lindo, e que se sintam melhores por lê-lo, recebendo, através da ajuda à Mack, uma ajuda pessoal.
Em termos de escrita, o livro é bem devagar. Acho que isso acontece porque não existe, realmente, nenhuma ação, e o autor quer mostrar os diálogos que criou em sua cabeça, mas não pôde publicar um livro apenas de diálogos ou apenas de ideias, pois ficaria enfadonho e... bem, pequeno demais Não funcionaria da mesma forma.
Os diálogos, em si, são entediantes. Fica claro, com o passar da estória, que o que o autor realmente quer é colocar as "explicações"  que criou para a morte, o sofrimento, a falta de intervenção de Deus e etc, no papel, e quando Mack conversa com qualquer uma das entidades presentes na cabana, ele se torna apenas um gancho entre um argumento e outro, dizendo coisas como "ah, entendi!", "nossa, realmente tenho muito o que aprender" e "mas então por quê..." entre parágrafos gigantes de explicações muitas vezes repetitivas.
Além de tudo isso, o livro chega a ser, em certo ponto, um pouco sexista. Não o suficiente para que eu fique com raiva e jogue tudo para o alto, mas o bastante para que eu torça meu nariz por alguns parágrafos.
O livro me emocionou apenas em um momento, que foi quando, no final, o personagem principal fala com sua outra filha, Kate, que se sente culpada pela morte da irmã.
De forma geral, a estória é sim, bonita, mas não muito bem construída. Eu não concordo com muitas coisas escritas nesse livro, mas não foi por isso que li, então não é disso que tenho que falar.
O livro é regular. Eu me coloco em cima do muro, ou seja, entendo o lado de quem ama o livro, e entendo o lado de quem odeia. Meu conselho, então, é: leia, se tiver curiosidade. O livro afeta cada pessoa de uma forma, e não se deve confiar na opinião dos outros sobre tudo.

Beijos, etc.

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